sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Anita Malfatti

Anita Malfatti

Reprodução
A pintora Anita Malfatti
"O que está tão engraçado aqui?" Com esta pergunta, Anita Malfatti interrompeu as sonoras gargalhadas que o escritor Mário de Andrade dava ao se deparar com os quadros "O Homem Amarelo", "A Mulher de Cabelos Verdes" e "A Boba", numa exposição da pintora, em 1917.

Nascida em São Paulo em 2 de dezembro de 1889, Anita Malfatti era filha de imigrantes. O pai, Samuel, italiano naturalizado brasileiro, era engenheiro e trabalhou em estradas de ferro e na construção civil. A mãe, Eleonora Elizabeth, era norte-americana, poliglota, pintava e desenhava.
Exerceria enorme influência na formação da filha.

Quando pequena, no entanto, sua mãe não poderia imaginar que a filha um dia iria se tornar uma das principais pintoras brasileiras. Anita sofria de uma atrofia congênita na mão direita e, aos 3 anos, foi levada para a terra natal do pai em busca de tratamento médico, sem sucesso, porém.
Mesmo assim, aprenderia a escrever, desenhar e pintar só com a mão esquerda.
Em 1910, Anita foi para Berlim, onde tomou contato com a arte expressionista alemã. Lá, frequentou a Academia Real de Belas Artes e o museu de Dresden, onde teve Lovis Corinth e Bishoff Culm como professores.
Voltou para o Brasil em 1913 e, dois anos depois, iria para os Estados Unidos. Em 1914, realiza sua primeira exposição individual, nas Mappin Stores, em São Paulo.
Ficou nos EUA cerca de um ano, onde estudou com Homer Boss no Independent School of Art (Escola Independente de Arte), berço dos primeiros trabalhos cubistas da América. Voltou novamente ao país, em 1916.
A Anita que surge destas viagens e contatos com as artes destes países é a que abrirá o caminho para o modernismo brasileiro. A exposição onde Mário de Andrade gargalhava, "Primeira Exposição de Arte Moderna no Brasil, 1917-1918", aberta em dezembro de 1917, é o começo do movimento, que eclode na Semana de Arte Moderna de 1922.
As risadas do escritor, no entanto, se transformariam em admiração, amizade e uma intensa troca de correspondências entre os dois. Anos depois, o escritor acabaria adquirindo a tela "O Homem Amarelo".
Mas a mudança de opinião do escritor paulista não seria acompanhada por outro grande nome da crítica e literatura brasileiras: Monteiro Lobato. Especialmente irritado com a obra da precursora do modernismo, Lobato publicou um artigo que se tornaria célebre: "Paranóia ou Mistificação?".
Nele, argumentava que a nova pintura de Anita não representava o brasileiro e sua natureza com fidelidade. Chegava ao ponto de insultar a pintora tachando-a de louca. Da querela que se segue, surge a divisão entre conservadores e modernos que iria desaguar na Semana de Arte Moderna, em 1922.
Depois de ir à Alemanha, Anita fez, ainda, uma segunda viagem à Europa, proporcionada por uma bolsa de estudos, mas desta vez, fixou residência em Paris.
Por não querer ser a integrante mais velha do grupo modernista, Anita Malfatti falsificou seu documento de identidade e mentiu sobre seu verdadeiro ano de nascimento. Sempre falava que havia nascido em 1896. O ano verdadeiro, entretanto, era 1889 e quando Anita morreu, no dia 6 de novembro de 1964, estava prestes a completar 75 anos.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/semanadeartemoderna80/personalidades-anita_malfatti.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.